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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O segredo do beijo

O segredo do beijo
(Luciana Fiuza)

Você me pergunta
Se eu não desejo
Um beijo.

Ah! Se eu desejo
Um beijo!

Eu desejo sim,
O beijo.

Beijo roubado
Beijo de olhar
(de olho claro)

Beijo esperado
Beijo que demoooora...
Beijo demorado

Beijo de amassos
Beijo de sorriso
Beijos e mormaços...
Até beijo de amigo

E ainda me pergunta
Se eu desejo
Um beijo?

Ah! Se eu desejo
Um beijo!

(não é segredo
se eu desejo um beijo...
o que é o segredo
é de quem é o beijo
que eu tanto desejo...)

a S vv (prá manter o segredo)

Sete anos de pastor

Ai vai o Soneto dos Sonetos... claro do Mestre dos Mestres Camões (quem entender esse soneto terá meio caminho andado para o meu coração... heheheh)


Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a ela não tivera merecida,

Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais serviria, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Adágio

Adágio
(ou Soneto em Rallentando)

Não se negou a corroborar com a loucura
Pois que o seu corpo, já exausto da Procura,
Por vezes há deitado em leitos de Procustos,
Mas andou ainda em busca da Cidade dos Justos

Por outros sonhos se embrenhou por entre a senda
Onde ecoou em voz clara para que se entenda
Um cuco em primeiro pio esparso! Primavera.
Tal Palavra precisa. Incisiva. (ou quimera)

Que assim se lhe espalhou feito uma essência airosa
Lhe horizontou o olhar adiante o caminho
Vislumbrando o jardim (apesar do espinho)

A saber, ante ao rosal, escolher a Rosa
Qual brisa de borboleta a colher narciso
Em tempo lento, leve, e preciso. Preciso.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lá pelos idos de 1997...

Então, fui hoje obrigada a desempoeirar mais um poema... pelos idos de 1997 em julho, último dia antes da volta ao Brasil, num quarto de hotel em Barcelona, eu escrevi:

Barcelona

A rosa morreu
Logo depois que seu espinho
Tivesse cortado-me
Os pulsos.

O sangue escorre
Como lágrimas descem
Sobre a minha face
Branca.

A rosa morreu.
Por que não morre
Também a dor (?)
Só a alegria padece.

E a saudade
Mancha-me mais
Que o vermelho
Espalhado pelo quarto pálido.

A rosa morreu,
Mas sua alma
Ronda-me os sonhos,
Perturba.

Pedi três graças
A Deus na igreja...
Três Anjos.
Por que não vêem, ou

PorQue se foram
E deixaram-me a rosa (.) (?)
MortaSaudadeVermelhoSangue
Até as lágrimas partem...

Último

O texto é meio velho... mas precisava ser postado! (acho que eu stou de volta...)

Último

Por ultimo
Eu o chamei
Pela última vez
Acreditando ainda
Ter de ouvir
o Inaudito
O que ainda
Não havia sido dito
Mas não havia
Nada mais a dizer
Nada que se esperasse
Que fosse ouvido
Nada mais que eu poderia ouvir
(o essencial)

Por último
Eu o deixei
Ali
No mesmo lugar
De tantas
E de antes

Por último
Ousei beijá-lo
Uma depois
Duas vezes
Ansiava emular
O sabor do
Ósculo primeiro
Do qual nunca
Havia me lembrado
(ambos nos olvidáramos)

Não senti nada

Só o bafo do seu vômito
O gosto quente da
Sua saliva insípida
Não senti nojo nem pena
Só senti

Nada


Por último
Ele partiu.
E como um dia
Aguardei por dez minutos
Onze
Dei partida.
Partida.
Parti também.
Sem esperar mais.

Nada

E dele
Que espera
(e só espera)
Dele já nada espero
Nem o espero.

terça-feira, 30 de março de 2010

Sobre a morte...

Hoje não há no dia poesia nenhuma.
O dia está prosódico implicitamente.
Prosódia seca. Sem literatura. Sem revelação.
Nunca escrevi assim.
Nunca escrevi para outro.
Só para mim.
Hoje morri. Morremos.
Laura tem hoje sua hora da estrela (onde curiosamente começa meu pesadelo)
Me falta o que nunca antes me faltou: me falta minha melhor amiga, minha confidente, meu grande amor, me falta a palavra portanto.
Não há mais palavras.
E essas foram minhas (suas) (nossas) últimas.
Renasço talvez. Num dia de chuva.
Mas nunca mais brotarei na primavera.

terça-feira, 16 de março de 2010

Depois de hoje

Pela derradeira vez exaurir-me em sombra
Me desfiar lâmina a lâmina e espalhar,
Escorrer em filamento de sangue, derramar
Estancar por entre todas as outras tantas partes.

(vou evaporar e ser por alguns instantes nuvem!)

(vou suar dos céus como o orvalho!)

Tal flores que já me foram ofertadas,
Quero germinar, abotoar, desabrochar
Florescer e secar em tom amarronáceo

Tal rosa azul quero me guardar em livro
Me confundir com suas letras,
Despigmentar em suas páginas,
E ter doce sabor ao paladar das traças.

(a L.)