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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Dona Zita e os presentes mais caros

Dona Zita e os presentes mais caros

Dedicado, com um abraço saudoso, aos meus queridos amigos
Gracinha, Rosane e Emílio.


Fazer brigadeiro lá em casa é mais ou menos como fazer felicidade no microondas!

É só o cheirinho se espalhar pela casa, e já três carinhas felizes (e gulosas) aparecem ansiosas para provar – para criança, alegria

e doce são praticamente sinônimos!

E, toda vez que eu faço brigadeiro, eu me lembro da Dona Zita.

Dona Zita nunca me fez brigadeiro, mas me deu a vasilha, na qual eu faço a guloseima, de presente de casamento.

Dona Zita era a vizinha da minha avó e, quando eu era criança, passava boa parte da minha vida no quintal da casa dela, brincando com sua filha (que me chamava – com o olhar – por sobre o muro):

- Vó, posso brincar com a Gracinha? – vovó quase sempre deixava.

Naquela casa não tinha o cheiro do brigadeiro, mas tinha o cheiro da árvore de mexerica – Gracinha tinha a chave – a chave que abria o portão do quintal da árvore, que também abria as portas da nossa imaginação.

Naquela casa tinha um livro de figuras o qual a gente folheava e fingia ser a princesa mais linda, que morava no castelo mais alto:

-       Eu sou essa! – resolvia eu.
-       Eu sou essa! – Gracinha deliberava.

Dona Zita também me deu uma boneca de papelão, daquelas que a gente recortava a boneca e as roupinhas. E fazíamos combinações infinitas. Praticamente um curso de moda. Ali, com aquela boneca de papelão.

Dona Zita ajudava na igreja, e colocava a gente pra vestir de anjo na coroação em maio – comecei a cantar assim – primeiro colocando a palma, ano seguinte o véu, e enfim a coroa, e assim a gente ia subindo os degraus do altar, e da vida.


Engraçado que já ganhei presentes que custaram muito – roupas diversas, perfumes importados, e joias. Mas os presentes que Dona Zita ofereceu a mim, com a riqueza que lhe era peculiar, foram os mais caros: a boneca de roupinhas infinitas, o álbum que cabia todos os sonhos do mundo, a tigela de fazer felicidade no microondas e… o cheiro de parte feliz da minha infância.