Eu??

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Belo Horizonte, MG, Brazil
Just getting better...

sábado, 13 de setembro de 2014

Ecuatorial

Ni era la luna
(quizás su destello)
Ni tampoco la música
(quizás su murmullo)

Ni el viento que orquestó las hojas
(y melodías de grillos y cigarras)
Tampoco era el sol -
Éste se quedó entre las nubes
Por más que el debido tiempo.

Lo que su ojo vio
Lo que la retina imprimió

Ella atisbó el mar ...
Pero el mar era ella

Y – aunque por un lapso –
Anheló ser puerto

(a A.M.L.R)

LS - 11/09/2014


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Se você pedisse


Se você pedisse
(E não como requeresse)
Mas como se deliberasse

Com o arbítrio de um juiz
Com a coação de um advogado
Com a súplica de um réu

Com o rogo de um crente
Com a resolução de um profeta
Com o capricho de um deus
(Ah! Se você pedisse!)

Se você pedisse
(E não como mendigasse)
Mas como se implorasse

Com o apetite de um faminto
Com o corpo de um pedinte
Com a esperança de um moribundo

Com a fidelidade de um cão
Com a sede de um camelo
Com a liberdade de um pássaro
(Ah! Se você pedisse!)

Se você pedisse
(E não como solicitasse)
Mas como se exigisse

Com a curiosidade de um aprendiz
Com a avidez de um professor
Com a pretensão de um ignorante

Com a fantasia de uma criança
Com o impulso de um adolescente
Com a energia de um jovem
(Ah! Se você pedisse!)

Se você pedisse
(E não como reclamasse)
Mas como se desafiasse

Com a disposição de um atleta
Com a determinação de um guerreiro
Com a serenidade de um sábio

Com a urgência de um virgem
Com a perseverança de um sóbrio
Com a diligência de um manifestante
(Ah! Se você pedisse!)

Se você pedisse
(E não como estipulasse)
Mas como se reivindicasse

Com o empenho de um pai
Com o zelo de uma mãe
Com a fortaleza de um mártir

Com a boca de um poeta
Com o ouvido de um músico
Com a alma de um artista
(Ah! Se você pedisse!)

Se você pedisse
Se você chamasse
Se você invocasse

Com o desejo de um diletante
Com a promessa de um enamorado
Com a palavra de um amante

Se você pedisse...

Ah! Eu iria.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

About Wisdom


For T. and the others who could not

        I can suit the prettiest dress
and I can look my very best
and I can charm you in a cast
        (you cannot see me
and I can understand)
        I can compose music and lyric
and I can sing you a melody
and I can wail exhaustively
        (you cannot hear me
and I can understand)
         I can easily scribble a poem
and I can write you an impeccable sonnet
and I can, at times, feel despondent
        (you cannot read me
and I can understand)
        I can radiate my thoughtfulness
and I can profuse my excellence
and I can be my very greatest
        (you cannot love me
and I can understand)

For each one can only share what they own
(and not what one merits)

For each one can only give what they possess
(and not what one deserves)


Either way.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

De por que o nascimento dos meus filhos não me fez uma pessoa feliz

De por que o nascimento dos meus filhos não me fez uma pessoa feliz

Calma! Antes de chamar a promotoria da infância e da juventude, eu lhe convido a ler o texto até o final.

Quando o Arthur, meu primeiro filho, nasceu foi tudo muito confuso: entrei em trabalho de parto sem dilatação, o Arthur estava em sofrimento fetal e eu tive uma cesárea de emergência. Quando ele nasceu, eu me senti agradecida por ter dado tudo certo, alegre por ele ter nascido, contente em ver sua carinha amassada. Mas não necessariamente feliz – no sentido lato da palavra.

Com os gêmeos foi ainda pior! Além de agradecida e alegre, eu senti um imenso alívio! Tenho certeza de que quem teve gêmeos e foi até o nono mês de gestação (sim! meus gêmeos nasceram de 37 semanas!) sabe bem o que eu quero dizer. Mas sentir “alívio” com o nascimento dos filhos não é uma coisa bonita de se falar, não é politicamente correto.

O nascimento dos meus filhos não inaugurou em mim uma mãe. A mãe na qual venho me transformando ao longo dos anos começou a ser gerada bem antes dos meus filhos, quando ainda bem jovem queria ter muitos deles, uma casa cheia, e agora, como mãe, continuo a recrudescer.

E ter filhos também não me transformou em uma pessoa plena. Sou uma pessoa plena sim, pois tenho uma vida plena, realizo projetos, faço coisas interessantes e tenho filhos, também. Não irei nunca impingir-lhes o motivo exclusivo da minha felicidade, ou a culpa pela minha possível infelicidade. Meus filhos são parte integrante da minha plenitude, mas não a encapsulam – a vida me foi sempre muito muito generosa em vários aspectos, não serei-lhe mal-agradecida.

Como mãe, não sou uma heroína, não sou uma guerreira, mesmo por que não acho que criar filhos seja uma guerra em que haja heróis, nem guerreiros. Não há inimigos a vencer. Não acho que a maternidade seja uma luta, um problema, a abdicação integral da vida, um martírio. Acho que eu faço o que têm feito as mães ao longo de 10.000 anos de humanidade moderna na terra. Nem mais. Nem menos. Talvez o faça idiossincraticamente, mas sem grandes méritos ou deméritos.

Meus filhos não me consideram, nem me considerarão, uma santa, uma batalhadora. Não sou mártir, se tivesse apenas um pedaço de pão, não dividiria em três e daria aos meus filhos, dividiria em quatro, e comeríamos juntos: não posso me dar ao direito de recusar meu quarto, sei a falta que eu faria a eles se eu não estivesse forte e inteira.

Quando eu estou triste, às vezes choro, e não lhes escondo minhas lágrimas. Eles me perguntam: “Mamãe você está chorando?” E eu digo: “Sim, filho, estou um pouco triste neste momento, não tem a ver com você, logo estarei bem.” Às vezes eu explico o porquê, às vezes eu digo que não quero falar sobre o assunto naquele momento, para que eles aprendam que também podem se dar ao direito de chorar, de sofrer, e nem sempre a gente está preparado para falar sobre isso.

Eu sou ser humano.

E se às vezes eu erro na educação deles, eu não erro porque “estava tentando acertar” como a maioria das mães por aí... Eu erro porque sou ser humano! E erro muito! Ou erro porque não estudei o bastante.

Ao contrário do que muitos dizem, eu acho que filho vem com manual sim! Claro que não vem colado na caixa, feito jogo de tabuleiro, mas está disponível a todos a filogênese da evolução humana em termos de criação de filhos em suas mais diversas formas, e seus eventuais desdobramentos: para o bem ou para o mal. Basta buscar nos lugares certos. Eu, como cientista que sou, sempre gosto de uma boa e bem fundamentada teoria.

Mas como disse, filhos para mim não são uma batalha! Eu nunca padeci no paraíso, como diz o velho dito.

Eu vivo, aproveito e me delicio no paraíso de ser mãe. E não posso ser condenada por isso. Se decidi ser Maria, e não Marta, e escolhi a melhor parte (como bem diz a parábola da bíblia) essa não poderá me ser tirada.

A convivência diária e diuturna com aquelas três crianças adoráveis, aqueles três seres humanos incríveis, ao longo desses anos faz-me, sim, feliz. Muito feliz!

Claro que me lembro com alegria de quando eram bebês, aquele cheirinho, aquelas gracinhas, o fabuloso processo de aprendizagem de ser gente. Mas não concordo quando dizem “que saudades!” ou “que pena que crescem!” O crescer é o mais incrível de ser mãe. Ter o imenso privilégio de conviver com eles por tanto tempo, participar com papel de tanta importância na vida desses meninos!

O Arthur com sua justeza assombrosa, sua lealdade e sua grande imaginatividade; o Raul com sua fantástica capacidade de agregar pessoas, se relacionar com elas, um grande negociador; a Lisa, como diz minha mãe, “se não existisse, tinha de ser inventada”, tão prestativa, artística e carinhosa.

Espantoso como são versões tão melhoradas da minha pessoa, em todos os possíveis aspectos.

O prazer de vê-los crescer, conviver com eles, conversar com eles, saber a opinião deles sobre as coisas, brincar com eles: isso é o que me faz feliz.

Ver que estão se tornando seres cada vez mais admiráveis e lindos por fora, e mais por dentro. Saber que os amo mais (como se fosse possível amá-los mais que hoje), os amo mais a cada dia porque os conheço de fato. Isso é o que me faz feliz. Mais feliz!

Lembro-me do Arthur ainda pequenininho, com uns dois anos talvez, num dia em que o colocava para dormir depois de lhe contar uma história, eu disse:

- Tur, meu filho, eu te amo tanto! Você é um grande presente na minha vida!

Ao que ele responde, do alto da sua sabedoria:

- Presente, mamãe? Abre! Abre!

Eu abro, filho, todos os dias. Cada dia eu abro três embrulhos maiores, melhores e mais lindos!


Ass: a mãe do Arthur, do Raul e da Lisa.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Sobre aquela música...

Acabou-se nossa partitura em bequadro: a partir de agora, em nosso andamento, entre constantes bemóis e raros sustenidos, nossas notas serão sempre acidentadas...

sexta-feira, 14 de março de 2014

De quando eu resolvi ser doida do lado contrário…


Um dia minha tia displicentemente me disse que ela era doida do lado certo e eu,  doida do lado contrário.

E foi assim… eu a doida do lado contrário, e ela a doida do lado certo (pelo menos antes de lhe abrirem a cabeça com um serrote, espero que tenham-lhe feito alguma alteração na ocasião).

E a partir daí eu me assumi assim: ser doida do lado contrário.

Ser uma doida do lado contrário dói um pouco às vezes, dói também às pessoas que acham erroneamente que ser doida do lado ao contrário significa ser louca: não, eu nunca fui louca!

Ser doida do lado contrário pressupõe dizer “não” a uma série de regras impostas por uma sociedade meio caduca. Pressupõe querer viver a vida, e não passar por ela de maneira incógnita, e nem sair dela de forma ilesa: há arranhões, marcas, cicatrizes muitas.

Um dia minha tia disse que era minha amiga. Não entendi direito à época o que aquilo queria dizer. Acho que ela quis dizer que ser minha tia era uma situação inevitável, um fato sobre o qual ela não tinha controle, a vida nos fez assim com esse título, esse rótulo. Mas ser amiga não, era uma escolha dela, da vontade exclusiva dela. Acho que eu achei que ela quis dizer que eu era de certa forma especial. Me segurei a isso algumas vezes quando eu fiquei triste.

Acho que quando ela disse que era minha amiga, ela quis dizer que seria a única pessoa a me dar um abraço quando eu chorei um dia. Quando se abraça alguém que chora, parece-me que a pessoa mergulha um pouco na sua lágrima, leva consigo, naquele abraço, algumas poças, ou ajuda a estancar o olho que sangra.

Um dia minha tia disse que eu era adorável quando criança. Adorável, eu sei, até ficar doida... doida do lado contrário: as doidas do lado contrário nunca podem ser adoráveis, a elas está reservado o degredo.

Um dia minha tia resolveu dizer um não. As doidas do lado certo nunca dizem não, elas aceitam suas vidas medíocres: sua sandice não atravessa janelas. Acho que ela ficou com um pouco de inveja de mim. Resolveu ser um pouco doida do lado contrário, disse não dizendo sim a si, à sua vida, aos seus desejos, ao amor! Dizendo não a certas convenções, costumes, ideologias. Só às doidas do lado contrário é reservado o direito de viver intensamente. Deve ter gostado da ideia, de ser esse lado doida e não do outro que lhe era tão familiar.

Foi boa mãe da sua única filha, agora quer ser avó, foi largando assim o posto imposto de tia por ter obrigações mais nobres – sábia ela! que um dia fez a escolha volitiva de não ser tia, de ser a doida do lado certo, amiga da doida do lado contrário, e às vezes... vice-versa.


Eu que às vezes tenho de ser uma doida do lado bem certo por força da ocasião, por causa da minha tia escolhi nunca ser “normal”, ou “não doida” como queiram, de nenhum lado: nem do certo, nem do contrário. Mas ela me ensinou também a não ser doida do lado errado... nem doida só. E assim eu escolhi.