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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O que eu quero


 (7-8-8)

Quero um amor de cinema
Um amor de Júlias e Brigitas
Não quero amor de Adélia

Não quero quem me ame se.
Não quero quem me ame mas.
E porém, e contudo, e entretanto.
Quero quem me ame apesar de.
Quem me ame sobretudo. E além.
Não quero todavia. Quero todas as vias.

Quero amor de poema
Que valha a pena
O lápis e a caneta
Não quero venetas. Estreitas.
Quero ancho, não pranto

Quero amor falado, abobalhado
Sincopado. Erótico. Exótico.

Quero o que eu nunca ainda tive
E meu querer insiste, e insiste, e insiste
Quero talvez o que não existe

Mas meu querer insiste, e insiste, e insiste.

(Laura Santos)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O amor e o amar

Já disseram que se mede a quantidade que se viveu pelo tanto que se amou.

Pois eu vivi infinito então! Eu amei muito e tanto! Amei muitos também.

O fato de eu não ter sido amado, por outro lado - para esse fim específico de viver (assim quantificado) - não tem a mínima significância.

Faz falta. Mas não mata.

(Anônimo)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Conto número três


Conto número três
(ou a verdadeira história da reforma no prédio de Fabiana)

Para se ter uma ideia, o primeiro encontro com Fabiana nem foi no seu próprio prédio, foi numa sala emprestada de alguém, de quem nem se lembra mais. Ali nunca mais se voltou.
Quando cheguei ao prédio de Fabiana achei meio antigo (velho, na verdade) aquele ar soturno, entrada enclausurada e o porteiro me sorriu um sorriso muito magro:
- Identidade, senhora, vai para onde?
- Vou ao terceiro, vou ver Fabiana. Respondi apresentando identidade, CPF, carteira de motorista. Não tinha talão de cheques, mas se tivesse mostrava.
Reparei a pintura descascada, aquele piso esfregado, mas com ar de mal lavado. Um elevador estava enguiçado.
Subo então e, no cubículo, aguardo tentando aprender pelas as revistas da antessala - e se passaram muitos, muitos tempos.  Mas insisti... e voltei sempre, mesmo sem ser convidada.
Eis que um dia eu chego lá e vejo um belo estrago! Na entrada, o chão todo arrancado, pedaços de cerâmicas por todo lado, paredes raspadas, uma pinguelinha de ripa de madeira, elevador não abria travava, ou então não subia nem fechava. Eu me esgueiro por onde dá, na passagem difícil, cheia de embaraços.
E não é que tem outro porteiro! Me barra a entrada novamente, e com ousadia, me solicita, em altos brados:
- Documentos! Senhorita!
Eu prontamente estico os braços, mas relembro – em voz baixa claro, só pra dentro:
- Eu venho sempre, o outro porteiro já me conhecia.
Noutro dia e a surpresa! Piso novinho, lâmpadas claras, o porteiro reinstalado, num lugar bem mais apropriado. Claro, claro, um ou outro retoque ainda precisa, mas já dá pra se ver a mudança.
Vendo o hall vazio pergunto ao porteiro, que já me recebe com um riso largo:
- Cadê o pessoal da obra?
- Já foram embora, voltam amanhã, só trabalham até às seis.
Eu sorrio de volta.
E penso, não sem certo ar de superioridade -“engano seu, moço porteiro!”
Depois das seis, seu mestre-de-obras e os pedreiros fazem hora-extra! E, pouco a pouco - a marteladas curtas para assentar tábuas mais largas – quase, quase já terminam a reforma é lá de casa!
Eu entro. Vou me encontrar com Fabiana! E com cautela (mas firmeza) abro a porta do elevador, que já desliza, e noto o aviso que diz:
- Cuidado, tinta fresca!