Eu??

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Belo Horizonte, MG, Brazil
Just getting better...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Em relevo

Estar em relevo é estar sucetível. É estar disposta a viver... e viver pois... e então... É ter de fazer escolhas... é arcar com as consequências... Estar em relevo é um prazer e uma dor... estar em evidência ... estar disposta a tudo ... querer tudo ... mas ter de se contentar com menos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Uma manhã em Maceió

À noite faz frio
(Calafrios)
Areias inteiras
Areias certeiras
Areias insistentes
Impertinentes
Areias rodeiam
Areias, sereias...
À noite esfria!
Mas aí vem o dia
Com ele o mormaço
O abafo
Meus próprios passos
Meu cansaço.

Por esses cantos
(À semelhança dos vampiros)
Só aparecem à noite
Certos anjos

quinta-feira, 26 de março de 2009

A morte do trema

Assistia outro dia ao programa Sem Censura da TV Cultura, quando Leda Nagle entrevistava o Professor Cláudio da UFRJ sobre o enterro do trema (e seu devido – e tranqüilo – velório pelo próximo qüinqüênio).

Falava o professor das viuvas do trema e, como numa consulta psicanalítica, me reconheci na seqüência:

- Eu sou a viuva do trema!

A língua portuguesa sempre foi, para mim, a demonstração da grandiloqüência, mecanismo de estabelecimento de superioridade. Uma arma com a qual eu me distanciava de reles criaturas, os não iniciados, os (semi)iletrados. E o trema, minha munição!

Como alguém poderia escrever lingüisticamente correto sem saber manipular o trema? Era o meu diferencial! Usar o trema era sinônimo da eloqüência (vejo que já uso o pretérito imperfeito, ai meu Deus que tristeza...).

Agora mesmo, uma professora – ao ser argüida se se lembrava de uma palavra com trema – me disse: “Mas isso nem se usa mais.” Já enterraram o pingüim! E agora? Começa o qüiproquó! Agora os ignóbeis ganham eqüidade em relação à minha pessoa, uma vez que já não me vale mais minha grande habilidade em reconhecer o valor do meu tão querido trema!

Uma morte anunciada! Devo acrescentar.

Ao ser redargüida sobre minha opinião em relação à reforma ortográfica disse: o resto tudo bem, mas o trema! Ah, não! O trema não! Nunca fez mal a ninguém, coitado. Os hífens, os acentos em ditongos abertos em paroxítonas, estes sim deveriam ter sido banidos há tempos, essas são as verdadeiras obliqüidades da língua! Mas o trema é meu amigo!

Além de outras delinqüências que serão causadas pela retirada do trema: tornar-se-ão obsoletos artigos por mim escritos, minha dissertação, por exemplo, terá de ser atualizada! E olha que devem lá constar umas... cinco palavras com trema! Gente! Cinco palavras! Em cento e poucas páginas, cinco palavras! Isso torna praticamente inexeqüível sua leitura! Desmilingüiram-se, pois, dois anos de trabalho da minha vida! Tudo por causa do trema e sua ubiqüidade na língua.

Até entendo que a motivação da reforma foi estabelecer contigüidade em relação às “línguas portuguesas” pelo mundo. Mas a mudança não ocorrerá sem seqüelas!

O trema e seu séqüito (no qual eu me incluo) investigam a razão pela qual delinqüentes (e inconseqüentes) estabeleceram sua penosa retirada da regra ortográfica do português do Brasil. Conseqüentemente, reivindicamos, inclusive, usos antiqüíssimos do mesmo, como a licitude do seu emprego para diferenciação de ditongos, como saüdosamente se utilizava até o final da década de sessenta (e quantas saüdades... devo confessar...).

Mas curiosamente, com a retirada do trema, a língua portuguesa ficará... tremada, abalada. E eu, em minha viüvez, terei de superar sua morte e, após breve período de luto, serei obrigada a, de agora pra frente, me preocupar com as outras cinquenta (sic!) mil regras que a reforma foi incapaz de abolir.

Tempão...

Gente! Quanto tempo!! Perdulária em vontade, parca em tempo... Mas semana que vem promete!!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Uma outra Laura Santos

Não foi sem surpresa que descobri, há alguns meses, uma grande poeta Paraense, nascida em 30 de novembro de 1921: Laura Santos! Sim dividimos não só o mesmo nome como também a mesma paixão por sonetos. Temos várias outras coisas em comum como a garra, a determinação e a vontade inescapável de escrever. Posto um de seus poemas:

QUINTO POEMA

Na noite erma e profunda
Soam vozes estranhas,
Poemas de amor que nascem das entranhas
Da terra.
E em meus olhos, que são portas escancaradas
Para a vida,
Fulge o desejo intenso,
Singular,
De pecar...

Agora,
Após ecoarem de vagar
As doze badaladas
Na velha torre,
Já não se escutam mais vozes estranhas...
Paira em tudo um silêncio incompreensível,
Esquisito,
Como se a alma da noite
Se houvesse diluído no infinito.

Só na minha alma ainda há a vida e a vibração,
Sem esperança,
De íntimo ardor,
Toda a ofegar em sonho
E em desejo a fremir;
A vibração e a vida de um amor,
Que, à semelhança
Do tinhorão tristonho,
Jamais há de florir.


----------
(In: Poemas da Noite, 1953 – Do livro “Um Século de Poesia”, 1959, pp. 397-8 – Imprensa Oficial do Estado, Curitiba, Paraná, Brasil.)

quarta-feira, 11 de março de 2009

...

Iralém...

Alémar...

Marear...

Areir...

Não há maneira de cruzar o mar
Se não conhece sua tempestade.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ainda à espera...

Hoje de outra pessoa...


Um soneto à espera
(a J. M. S. B.)

Para nós não basta estarmos vivos,
Nos matamos pelos mesmos motivos.
Não procurarias, se não me encontrasses,
E meu silêncio diz dos meus disfarces:

Porque sempre vais aonde eu nunca vou,
Porque sempre estás onde eu nunca estou,
Que irônico, ainda assim eu te encontro.
Mas temo ser só o véu que traz o encanto.

“Que tempo enorme a tua palavra encerra”;
Embora veja a todos, menos a ti, por estas serras:
Só por um retrato tenho seu apreço.

Minha razão já não tem soberania,
Se é tu que me acordas pr’um outro dia!
(Queria hoje ir aí, mas nem sei o endereço...)

18/05/2008

quarta-feira, 4 de março de 2009

A marquise e a escolha (Ou primeiro conto)

Eu escolho a marquise. E comigo estamos cinco. Um rapaz, duas moças, eu, e outro. A postos. Em seus vagos lugares. A chuva cai. Despudorada. A despeito. Sem o mínimo respeito. Mas há escolhas.

Uns escolhem correr. Papelão. Plástico. Cabeça. Quase sem sombrinha. A chuva não avisa. Eu escolho a marquise. E olho quem tem outra escolha. Eu e estes. Parece nossa a marquise. Outros passam. Uns chegam. Chegam a pedir licença com os olhos, balança a cabeça – posso entrar? Como se morada minha fosse.

Muitos passam. Uns correm. Só a chuva não passa. Cai, corre, vaza. Mas vem outra neste mesmo lugar.

Tem a poça. Tem quem pisa na poça e amaldiçoa. Tem quem pisa e nem liga. Tem quem passa e ultrapassa a poça. Tem quem se esquiva, por outra esquina.

Mas passa a moça! E abre os braços sob a água. Se molha e acha graça. E eu invejo sua desgraça. Encharca.

Mas eu... eu escolho a marquise, mas ainda assim eu não escapo! Os respingos. Os barrados. Meus sapatos. Não, nem eu escapo!

Seja na marquise ou na praça, da chuva ninguém escapa, porque é de graça.

Mas espera... que a chuva passa.

(6-8-8)

terça-feira, 3 de março de 2009

Que imensa tristeza!

Gente perdemos ontem um grande nome na academia: Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Mas sobretudo perdemos a Malu... uma professora fantástica, um exemplo que sempre procurei seguir. Na minha dissertação inclusive havia um agradecimento especial a ela, que tanto me ensinou sobre lingüística, pesquisa e... seriedade!

Uma perda irreparável!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Os homens são pífios!

São o interposto entre o animal e o humano, tendendo talvez mais para aquele que para este. Incrível como somente os homens não enxergam sua peculiar e inexorável ordinariedade. E se acham melhores quando, na verdade, as mulheres são os seres superiores. Os homens são primitivos, quase primatas. Fazem xixi na rua por não conseguirem estabelecer limites para seu próprio corpo, não têm controle de si mesmos! Nem do xixi, nem d’outros fluidos corporais. Os homens não dominam seus próprios instintos, e mais uma vez são incapazes de se manter dentro das próprias calças, avistado um ser do sexo oposto.

Nunca vi mulher quebrar ônibus depois de uma partida de futebol (aliás elas nem pegam esses ônibus depois das partidas, muitas nem perdem seu tempo indo às partidas). Nunca vi mulher atirar em ninguém por causa da camisa que vestia. Mulheres matam por razões mais nobres: por paixão, por vingança, nunca por uma cor de camisa!

Homens são vis, abjetos, infames. E ignobilmente seguirão suas vidas reclamando que mulheres não sabem dirigir (mas o seguro delas é mais barato porque causam menos acidentes!), que só servem para cozinhar e lavar (quando eles sequer sabem fritar um ovo!), que são menos inteligentes (quando a proporção de mulheres em cursos superiores e de pós-graduação é muito maior!).

Acho que fim-de-semana vou pra Gis! (uashaushausaush)

Abaixo um texto escrito a um homem em especial, mas que hoje concluo que seja verdadeiro para TODOS os homens que já conheci. Sem a mínima exceção!



Eu só me contento
Com prazer lúbrico lancinante
(que você define de patológico
sem jamais ter fervido a febre da palavra)
Que tem aroma
Que você sequer reconhece
Que emana (talvez)
Da sua cozinha
Mas que a mim me é apresentado
Á mesa posta, feito banquete farto
E que te falta a mínima coragem
Ou a essencial audácia
Para provar-lhe ao menos o gosto.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Batendo num outro ritmo...

Não tenho dormido bem ultimamente... Sem me acostumar com o ritmo... Ou o “arritmo” como melhor poderia descrever... Mas tenho de exercitar minha paciência como disse outro dia a uma amiga. Tudo que já fiz na minha vida foi a meu tempo... intempestivo! Agora tento seguir o tempo do outro... e talvez tenha melhor tempo...

Agora um soneto que me custou diiiias. Escrito num momento difícil. Mas que pretende expressar o ritmo... o som... a batida perfeita! Que foi escrito a alguém, mas que hoje tem outro significado. Bom fim-de-semana!!



Soneto ao Tímbalo
(a F.G.)

Não como bilros a tecer rendas de apojaturas,
Mas, antes, como se tocasse com par de batutas,
Como se regesse esses rudimentos reversos,
Como se a eles submetido estivesse o universo.

Faz-me recordar o filho de Vênus de arco e de asas,
Que de suas setas não se escapa aos golpes tão céleres,
Se bem que setas e asas são em demasiado aladas
Para aquele que se encanta com seus seguros nácares...

Com sua sensatez da Bétula, e percepção epicura
Como critério único da verdade do mundo,
As tarolas calam ao tímbalo grave e profundo,

Num movimento percutido pela noite escura
Feito onda crusada, anacrusada, sincopada:
O arrebatamento das águas verte fogo em nada.

(Laura Santos 17/07/2008)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

De volta à vida (quase) normal

Que delícia um carnaval na fazenda... muito relaxante! Piscina, bois, vacas e demais companhias agradáveis! Adorei tudo, e de quebra ainda fui ao carnaval de Araçaí: um horror, mas nos divertimos mooooooiiiito! (a gente faz a farra independente do lugar, aushaushausha - "te espero no farol..." dez mil vezes suhaushaushah, e fora a dança do poste - na frente dos policiais - e a impagável imitação do Breno asuhaushasaush). Fico ainda devendo à Tia Rosa o poema pra ela... tá quase saindo.

Ai, ai, que vida boa! De volta à ativa então (esse finzinho da semana meio paradinho, ainda dá prá pegar leve), posto um soneto (super meloso) que nunca foi entregue... quem sabe a pessoa "aparece" por aqui e vê... heheheheh



Soneto ao suspiro (ou senha espião)

Olho pela janela e ouço o vento
Respiro e espio mas não me contento,
Me pergunto: - se não me apeteces,
Por que, então, meu Deus, sempre apareces?

Nem me lembrava, nem te esperava
Eu só orava, e só pedia, e implorava
Até que numa tarde abençoada
Surges-me à porta, despreparada

Quando pedia aos céus sinal qualquer
Que indicasse uma direção sequer
Tocas em duplo toque à cabeceira
Mensagem noturna derradeira, ora!

Se me desdenhas, se já me esqueces,
Por que, então, meu Deus, sempre apareces?

(a C.G.)
(21/08/2007)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Alguém aí já brincou de buraco?

"Não me refiro ao “buraco” jogo de baralho (daí a expressão "brincar" e não "jogar"). O buraco a que me refiro é um jogo inventado nos meu tempos de infância. Brincávamos, eu e minha melhor amiga Ju, uma brincadeira que nos atirava a um buraco, naquela tão pouca idade, sozinhas, em que nós tínhamos apenas a nós mesmas. Um pouco “Alice no país das maravilhas” vivido em dupla, e ali, no buraco improvisado da área externa da minha casa, sofríamos (ou fingíamos sofrer) as agruras de uma vida sem rumo, sem regras, sem outras gentes, só a gente.

Ao contrário do que possa parecer, cair no nosso buraco não era nossa miséria, mas nossa salvação! Só ali poderíamos ser salvas das nossas famílias problemáticas, das nossas escolas repressoras, dos nossos grandes (incomensuráveis àquela época) problemas de criança. Para o buraco levávamos nossas mais queridas bonecas, nossos mais amados brinquedos, nossas jóias, nossas caixinhas de primeiros socorros. E ali, dentro do buraco, remendávamos os buraquinhos nos nossos corações, tão pequenos. Tínhamos, enfim, uma à outra. Os brinquedos. A imaginação. Mais nada. E já era tanto!

Depois já tive vários outros buracos de fuga. E tentei brincar com eles: o buraco das drogas, relacionamentos que me levaram para o buraco. Tudo na tentativa de achar aquele buraco que me salvasse. Aquele, daqueles dias, daquele tempo, que não volta mais.

E se hoje já sai do buraco, foi porque parei de cavá-lo, há algum tempo. E passei a escalá-lo, em busca de planícies e cumes... mais altos. Chego lá um dia!

Ai, amiga! Saudades do tempo em que era você que me salvava!"

Essa vale para os dias em que eu vou estar na roça... eita carnaval bão sô!!

(o melhor) Carnaval em Parati

Não sendo muito fã de carnaval (principalmente das músicas e da aglomeração de pessoas) o carnaval sempre foi um martírio para mim. Quando adolescente, me faltavam os atributos físicos para me tornar passista (o que eu sempre quis), próxima aos vinte, sempre tive aversão àqueles lugares onde as pessoas se "divertiam de verdade" (leia-se: beijavam muito, bebiam muito, caiam muito). Carnaval bom é sinônimo de muito samba, muito axé, muita cerveja, muito churrasquinho de gato, e cheiro de xixi.

Bom, decidimos então (eu, minha irmã e duas amigas) ir a Parati há alguns anos, num carnaval sem maiores expectativas. Parati já é em si um grande presente aos visitantes, sem carnaval, nem nada. E grande foi minha surpresa não ser recebida por um trio elétrico, ou uma bateria de escola de samba, um grande alívio! Tudo bem, uma banda de músicas carnavalescas nostalgicamente atravessava as ruas da cidade cantando "alalaô" (ou como quer que seja que se escreve isso!). Menos mal. Sigo a caravana. Como diz minha prima Duda: "com doido a gente não discute, corre junto". Corri!

No meio do caminho (sempre tem o meio do caminho) uma cena quase surreal: um bar, em sépia, no meio da cidade, tocava um blues! Claro que imediatamente abandonei meus comparsas, para perpetrar um crime mais nobre: boicotar o carnaval, no melhor dos estilos, ouvindo blues...

Fora a praia, fora as areias e a luz do luar, e a mata! Que carnaval...

Hoje sempre que me lembro de carnaval me lembro de muito blues, muito vinho, muito sanduíche de ricota e o cheiro de incenso daquele bar em Parati.

E ai de quem não correr comigo!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A um amigo...


Oito anos atrás comprei um livro de charges num evento na PUC. O autógrafo, nada mais justo, uma caricatura minha, ainda no vigor dos meus meros 20 e pouquíssimos anos. Então... agora oito anos depois pude recompensar a homenagem com um soneto, escrito ao Paulo que reencontrei há algumas semanas atrás.


Paulo, preciso da sua permissão para postar o desenho... hehehe (quer dizer já foi...)


Agora o soneto:
“Como uma partitura musical o filme deve ser ‘interpretado’ – isto é, realizado no sensível, como acontecimento – para ganhar existência. O expectador é um executante que realiza aquele mundo.” (R. Luz, 2002)

Sinopse
(ou Soneto com Expectador)
a P.R.C.B.

Apresenta, pois, em tela panorâmica
Fabulação fragmentária (ou sistemática?)
E feito memória de imagens fictícias
(continuidade e ruptura quase rítmicas)

Emerge em chiaroescuro a figura ao fundo
Numa outra dêitica linguagem falada
A imagem audível! E “guapa” a palavra.
E a sucessão dessa escrita em movimento

Icônico fluxo - em filme - (bri)colado
Pontos de vista múltiplos, deslocantes
Planos que se antecedem e se sucedem

E fragmentos do tempo (re)desenhados
Em tramas diegeticamente distantes
Que ora se conectam, ora se interrompem...

08/02/2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Carpe Diem

Hoje tive uma péssima experiência no ministério do trabalho, com uma ex-funcionária que me acusou de tê-la lesado em nossa relação trabalhista. O digníssimo senhor juiz, para meu absoluto espanto, foi pessoa fundamental na execução da justiça. Foi justo como, justamente, nunca imaginei que a justiça fosse. Passado o susto inicial de ter sido solicitada a comparecer como "ré", senti que a justiça foi feita, para ambos os lados. "A verdade te libertará" repetia eu durante a noite nem dormida. Às vezes, então, pode-se acreditar na justiça, como aconteceu hoje, tendo eu, agora como testemunha, de que o mundo não é lá para os bandidos, mas pessoas de bem, feito eu sempre tento ser, são recompensadas pelo senso (inestimavelmente bom) de justiça!

Aproveito e mando um soneto que fala do tempo! Tempo de não só planejar, mas também fazer! Não deixar o tempo passar, mas passar sobre ele! Aproveitar o dia! Todos os dias! Num dia especialmente bom como hoje! Que sejam todos! Com desafios! Dificuldades! Mas sobretudo alegrias! E... justiça!

Soneto no cais do porto
(a R.C.D. na ocasião do seu
vigésimo quinto aniversário)

Se é deveras infiel para quem dele abusa, o tempo,
Que toma conta do mundo e da nossa vida inteira,
Destrói como o escultor faz ao mármore e à madeira.
Marujo! Não deixa tocar ao leme só o intento!

Porque o tempo ora urge, ora foge irreparavelmente.
Sorrateiro mas marulhoso é o implacável ponteiro,
Embora seja só onda breve a vida, marinheiro.
Então vá! Levanta-te, anda e veleja sempre em frente!

Aproveita e mesmo assim apressa-te, devagar
Para encontrar é preciso, além de buscar, querer,
Mais que desejar, é necessário também fazer
Antes que, já de imediato, o tempo se te roubar.

Para ter mar de paz, tens de ser, antes, aturdido!
Para viver, comandante, navegar é preciso!

Belo Horizonte, 09 de fevereiro de 2008.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Devaneios fotográficos 1

Tenho inventado moda ultimamente.. a última é que resolvi virar fotógrafa amadora auhsuashuashuah, tem sido incrivelmente divertido, muito embora as fotos são de qualidade artística duvidosa... também não poderia fazer tudo perfeito... alguma coisa tinha que ser estropiada...

Menino Olha
Balanço


A colheita

Menina



Menino olha 2
Bom... mas como não poderia deixar de fazer... postarei mais um soneto...


Soneto Socrático
(ou Apologia do Famoso pela Glória)

“Se das verdades não te disseram alguma,
Agora tu ouvirás, pois, a verdade inteira.”
Deves procurar a essência, destruir certezas,
Ter pensamento prudente, qual cair da pluma.

Se o formular de perguntas mais adequadas
Transforma razão mais fraca em tão consistente,
Transforma o falso em verdade, obstinadamente,
Tem os segredos e as coisas especuladas,

Quais são as perguntas? Que virtudes estão a salvo?
Saber que nada sabe, já não é saber de algo?
O que mais assombra é ter de lutar com sombras,
Tendo a inexorável ventura e todos os contras...

Se tem tudo o que se quer, mas falta o essencial,
Há o apelo fatal: o que é o impossível, afinal?

(a R. C. D.)
7-1-8
Soneto que ganhou prêmio de melhor soneto no concurso "Antologia Delicatta", e foi lançado na Bienal de SP em 2008.













sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

e. e. cummings (sim, sim o nome dele é escrito em caixa baixa), para quem não conhece, foi um grande nome da poesia estadunidense do século XX. Seu estilo absolutamente peculiar (será que isso é redundante?) dá novo fôlego à poesia quadradinha dos sonetos. Imagine que eu, que tanto amo sonetos, aprecio imensamente a poesia de cummings, porque ele manipula a língua de uma maneira muito interessante, se utilizando também de elemntos gráficos e espaciais (e não só linguísticos) para causar efeito de sentido. Inspirada por ele, escrevi um poema que tem pelo menos três outros intercalados, à moda do mestre, obviamente uma mera tentativa... mas é divertido de ler.

Primeiro mostro um de seus poemas mais famosos:


l(a

le
af
fa
ll

s)
one
l

iness


E agora minha tentativa...

A la e.e. cummings

(precisa),
(urge),
ntemente
(uma)
se
mente
que
su
-r-

lenta
(mente,)
(suave)
mente.
(de)
sab
(rocha)
com
-o tocha
e
[flor]
esce
[com]
-o quem
[pa
desce]…!

Out/97

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Escrever sonetos





Escrever para mim sempre foi uma necessidade... Mas só comecei a "tirar meus textos da gaveta", como costumo dizer, há muito pouco tempo. Gosto dos sonetos, e principalmente adoro escrevê-los, acho desafiador escrever dentro da métrica, se preocupar com as rimas e ainda fechar com chave de ouro. Terminar um soneto é uma das sensações mais prazeirosas que pode o ser humano sentir. Indescritivelmente prazeroso. Um misto de empolgação e plenitude ímpares. É se sentir dono da palavra, manipulador dela.


Abaixo um soneto escrito a um amigo poeta, sobre minha profissão:



Soneto (ou porque escrevê-lo)

Escreve, meu Poeta, porque assim nasceu e tem o dom,
Para um soneto, dez minutos lhe bastam à pena,
E faz sentir que minha literatura é pequena,
Com estas minhas métricas sem o devido tom.

Pela sua naturalidade e seus claros registros,
E porque sei também que flerta com o insuportável,
Por isso a poesia lhe vem certamente mais afável
(Só temos em comum o fato de sermos sinistros)

Eu tanto peno cada letra, sílaba e palavra,
Porque a verdade é que a rima me sai como uma lágrima:
Só o que tenho são catorze oásis para meus desertos!

Sem testemunhas, então, minhas dores seguirão
E, como forma de não resignar à solidão,
Escrevo, caro amigo, pois só sei sofrer em versos.

(A R.G. 24/02/2008)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Outro começo...


Primeiro dia de blog a gente sempre empolga... Tive de escrever de novo...
Tenho de deixar mais um texto meu... inevitavelmente...
Sempre escrevo poemas e sonetos para pessoas, entrego a elas; nenhuma até hoje entendeu sequer o que eu disse, nem tentou acredito eu... talvez uma... Talvez alguém entenda um dia... tenho esperança...
Abaixo um soneto, talvez o que melhor me represente até agora:


Soneto do desejo
(a J. S.B. 12/08/2008)


Me apresento, pois, com minhas arestas
Meus abismos e rotas de fugas
Arremessado em processo de angústia
Entre vigílias, me observo por frestas

Transito, então, por entre a ordem e o lúdico
Não sei se em espaço privado ou público
Sem territórios ou necessidades
Me perco em alheias subjetividades...

Mas o poder do desejo imanente
Transcende além de saberes impostos,
E repressões, e ideologias, e rótulos,

Como fosse produção inconsciente
Me reinvento, me recrio, me exorcizo,
E em função do caos me organizo.

Um novo começo...

Obituary

Never once loved
Never was loved
And died (,) even


Primeiro poema, um dos meus preferidos, muito embora esteja em inglês. Escrito em 2004 mas que insiste em ser atual para mim... que remédio.

Mas não quero soar pessimista... na verdade estou o melhor de mim ultimamente, que é o que importa!! Hoje, de fato, é o melhor dia da minha vida!