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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy e eu

Impossível não escrever algo sobre a morte de Amy Winehouse depois de refletir muito, e ouvir tantos outros comentários sobre “essa grande perda”, eu me sinto na obrigação de escrever. Um pouco porque gostava dela e da sua música. Um outro tanto porque Amy era muito parecida comigo, e portanto devo me defender.

Ouvi à exaustão comentários como “perdemos uma grande artista”, “coitada estava sofrendo por conta do assédio da mídia”, “podia ter sido tão mais, se não fossem as drogas”.

Eu discordo!

E posso dizer com convicção. Isso porque me escondi durante anos (décadas) atrás do que poderia ter sido. Me envolvi com coisas menores, me rodeei de pessoas menos capazes, tive trabalhos menos nobres, tudo para me manter na constante condição de um “talento desperdiçado”, muito cômoda aliás.

Também posso dizer com certa propriedade, como ex-usuária de drogas, que Amy foi exatamente o que foi sem ser mais, sem ser menos, do que poderia ter sido, com ou sem drogas. Muito porque a droga era parte dela, outro tanto porque ela se muniu destas para se tornar o que era. E usou e abusou da mídia (que tantos criticaram) para divulgá-la assim como era. Nem mais, nem menos.  A droga, o fracasso, a queda pública, a overdose, também são bela desculpa para sermos considerados potenciais melhores, sem sermos. Não tenho pena.

Enfim, não acho que a música perdeu nada. Não acho que Amy fará a “falta” que tantos alegam. Acho que ela estará lá para sempre! Acho que ganhamos, finalmente, o primeiro mito musical do século vinte e um, daqueles que sempre se terá a impressão que nunca morreram, ou que nunca estiveram aqui de fato. Daqueles poucos que tiveram a coragem e a audácia de morrerem jovens como Hendrix e Joplin (será?) e fica-se aí com a sensação de que eram melhores que os que aqui ficaram, obrigados a enfrentar cada dia e se provarem melhores do que seriam, porque terão que de fato ser. Viver!

Eu ganho em relação a Amy, na medida em que tenho vivido mais, e me provado mais que promessa, mais que um desperdício, mais que alguém que poderia ser, mas sobretudo, e agora, alguém que é de fato! Amy ganha de mim nos milhões que juntou em seus poucos anos, milhões em dinheiro, em fãs, em fama, e duvido, se bem a conheço, que ela trocaria seus milhões (todos) pela minha vidinha parca (ainda que alongada). Pelo simples fato de que, a meu ver, na sua consistência, não poderia ser nem mais, nem menos. Assim simples e sem desperdícios. Mas contou com a morte para sugerir aos outros que “poderia” ter sido diferente, ou melhor.

Estamos quites, Mrs. Winehouse... mas eu continuo vivendo!

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