Eu escolho a marquise. E comigo estamos cinco. Um rapaz, duas moças, eu, e outro. A postos. Em seus vagos lugares. A chuva cai. Despudorada. A despeito. Sem o mínimo respeito. Mas há escolhas.
Uns escolhem correr. Papelão. Plástico. Cabeça. Quase sem sombrinha. A chuva não avisa. Eu escolho a marquise. E olho quem tem outra escolha. Eu e estes. Parece nossa a marquise. Outros passam. Uns chegam. Chegam a pedir licença com os olhos, balança a cabeça – posso entrar? Como se morada minha fosse.
Muitos passam. Uns correm. Só a chuva não passa. Cai, corre, vaza. Mas vem outra neste mesmo lugar.
Tem a poça. Tem quem pisa na poça e amaldiçoa. Tem quem pisa e nem liga. Tem quem passa e ultrapassa a poça. Tem quem se esquiva, por outra esquina.
Mas passa a moça! E abre os braços sob a água. Se molha e acha graça. E eu invejo sua desgraça. Encharca.
Mas eu... eu escolho a marquise, mas ainda assim eu não escapo! Os respingos. Os barrados. Meus sapatos. Não, nem eu escapo!
Seja na marquise ou na praça, da chuva ninguém escapa, porque é de graça.
Mas espera... que a chuva passa.
(6-8-8)
Adorei o ritmo!
ResponderExcluirÓtimo, Laura, ótimo. Gostei.
ResponderExcluirBrigada Carol e Paulo... foi minha primeira tentativa... com o tempo melhora... heheheh
ResponderExcluir