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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Alguém aí já brincou de buraco?

"Não me refiro ao “buraco” jogo de baralho (daí a expressão "brincar" e não "jogar"). O buraco a que me refiro é um jogo inventado nos meu tempos de infância. Brincávamos, eu e minha melhor amiga Ju, uma brincadeira que nos atirava a um buraco, naquela tão pouca idade, sozinhas, em que nós tínhamos apenas a nós mesmas. Um pouco “Alice no país das maravilhas” vivido em dupla, e ali, no buraco improvisado da área externa da minha casa, sofríamos (ou fingíamos sofrer) as agruras de uma vida sem rumo, sem regras, sem outras gentes, só a gente.

Ao contrário do que possa parecer, cair no nosso buraco não era nossa miséria, mas nossa salvação! Só ali poderíamos ser salvas das nossas famílias problemáticas, das nossas escolas repressoras, dos nossos grandes (incomensuráveis àquela época) problemas de criança. Para o buraco levávamos nossas mais queridas bonecas, nossos mais amados brinquedos, nossas jóias, nossas caixinhas de primeiros socorros. E ali, dentro do buraco, remendávamos os buraquinhos nos nossos corações, tão pequenos. Tínhamos, enfim, uma à outra. Os brinquedos. A imaginação. Mais nada. E já era tanto!

Depois já tive vários outros buracos de fuga. E tentei brincar com eles: o buraco das drogas, relacionamentos que me levaram para o buraco. Tudo na tentativa de achar aquele buraco que me salvasse. Aquele, daqueles dias, daquele tempo, que não volta mais.

E se hoje já sai do buraco, foi porque parei de cavá-lo, há algum tempo. E passei a escalá-lo, em busca de planícies e cumes... mais altos. Chego lá um dia!

Ai, amiga! Saudades do tempo em que era você que me salvava!"

Essa vale para os dias em que eu vou estar na roça... eita carnaval bão sô!!

3 comentários:

  1. Nossa, acho que brinco de buraco até hoje.
    Pena nenhum trazer o mesmo conforto que trazia na infância.

    Saudades enooooormes, Lu!
    Beijim,
    Ana.

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  2. Meu Deus... Quase chorei!
    Estou eu aqui, perdida também em uma quase roça (se o pessoal da cidade ouvir isso, vai brigar comigo! rsrsrsrs), 36 horas de plantão, no carnaval (ontem consegui deitar um pouco às 4 e meia depois de brigas, suturas, comas alcóolicos e um esfaqueado que tive que mandar para o João XXIII)... Estou dizendo isso para que possa imaginar o meu estado físico e emocional... Tenho ainda 16 horas para enfrentar, mas depois de ler o seu texto sei que este plantão será diferente.
    Inicialmente senti uma saudade tão boa que é dífícil de explicar... Sou grata pela infância que tive e com certeza meus vizinhos do 102 têm uma enorme parcela de responsabilidade por estas recordações. Senti então um orgulho tão grande, talvez pelo meu nome estar na internet (rsrsrs) ou talvez por ser sitada por uma pessoa tão ilustre (essa merece um presente!), mas creio que na verdade me senti como uma privilegiada por ter tido não somente momentos, mas principalmente pessoas que marcaram tanto a minha vida e de forma tão especial!
    Como você, eu também já saí do buraco, mas de uma forma diferente, porque ao invés de tentar escalá-lo sozinha, fui de carona nas costas de alguém que fez isso por mim: Jesus! E peço sempre à Ele que a abençoe como tem me abençoado.
    Mas o que gostaria de dizer é que depois de muitos anos, da distância e tudo mais, ainda existe no meu coração o mesmo amor pela minha querida vizinha Fiúza, minha melhor amiga em tantas e tão boas ocasiões!
    Obrigada pelo presente e saiba que estou sempre por aqui tentando sarar um pouco da saudade de uma época que não volta mais....
    Beijinho!
    Ju

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  3. Tô adorando isso!! Fiquei longe quatro dias e volto cheia de comentários!! heheheh
    Que bom ouvir de você Ju!
    Ana saudades tb!!!
    Beijos a todos!!

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